Trabalho em Equipe e Liderança

“As conquistas de uma organização resultam do esforço combinado de todos os indivíduos”
Vince Lombardi, treinador de futebol



Na gestão por processos, onde a horizontalização da empresa é privilegiada, onde os processos são encadeados em uma sequência lógica e onde os clientes e fornecedores internos se relacionam para definição das suas atividades e interações, o trabalho em equipe é fundamental.

Para a análise dos problemas que rotineiramente afetam o trabalho, para a busca incessante das suas causas, para a proposição de soluções e implementação de melhorias, a formação de equipes é imprescindível.

As equipes são formadas por pessoas que tem objetivos comuns e necessidades específicas. Para aglutinar as forças de coesão de um grupo de trabalho e transformá-lo em equipe é necessário que alguém exerça um papel de liderança.

As necessidades usualmente detectadas em um grupo são a comunicação eficaz, a escuta ativa, a solução de conflitos e a manutenção de um clima de trabalho saudável e motivador entre todos os membros.

Evidentemente, que as variáveis não se esgotam nesses fatores, mas eles podem influenciar fortemente a dinâmica dos membros das equipes e condicionar ao sucesso ou insucesso do trabalho da equipe.

Não tem como conceber um grupo de trabalho envolvido na solução de um problema sem interação e interdependência entre seus membros, e, quando se fala em grupo pensa-se logo em seu líder e o relacionamos com a realização e a produtividade do grupo.

Mas quem é o Líder? Quando fazemos esta pergunta, pensamos logo no ocupante do cargo de direção. O líder é confundido com o chefe.

Na verdade, liderança não tem nada a ver com comando imposto de forma unilateral, é mais uma característica pessoal. Líder é aquele que exerce influência sobre os outros, sem coerção e em direção aos objetivos compartilhados. Líder é o que conduz.

O chefe tem a autoridade que recebeu para punir, coagir. A influência do líder não vem de sua posição na hierarquia. O poder do líder vem da contribuição que dá ao grupo para atingir objetivos.
E esta contribuição pode ser traduzida na capacidade e habilidade do líder em satisfazer as necessidades da sua equipe, tais como:

1- Comunicação: a comunicação eficaz é o ponto de partida para a compreensão, a análise correta da situação e a ação. Se os membros da equipe não se comunicam adequadamente, a possibilidade de sucesso será mínima. A dificuldade maior para uma melhor comunicação é que as pessoas acham que comunicam bem. Mas os receptores das mensagens não!

A comunicação só será eficaz quando o recebedor da mensagem receber, entender, memorizar e responder adequadamente á mensagem.

A equipe que não se comunica, se fragmenta, perde tempo, energia, as discussões se arrastam, não consegue, por exemplo, praticar com eficácia o “brainstorming”, que é uma ferramenta prática na solução dos problemas.

2- Escuta eficaz: a comunicação é um processo bidirecional. Não há comunicação se você não ouvir e compreender o que o outro está dizendo. A escuta ativa pode ser desenvolvida quando estamos atentos em uma sessão de discussão e “pegamos o gancho” de um colega e desenvolvemos melhor a ideia, ou quando parafraseamos o que o outro disse para compreendermos melhor o que foi dito, demonstrando que somos um ouvinte atento.

Outra técnica de escuta eficaz é quando solicitamos contribuições, demonstrando interesse e acompanhando as boas idéias. O Lider deve estimular as boas idéias e inibir qualquer manifestação de mente “fechada” e preconceituosa.
A comunicação eficaz também pode se refletir na compreensão da implicação e efeito da mensagem sobre o interlocutor através da demonstração de empatia. Quando se ouve com empatia os sentimentos e ideias dos outros, a compreensão é imediata e autêntica.

3- Solução de conflitos: em qualquer grupo, convivendo em um determinado tempo e espaço, podem aparecer conflitos decorrentes de divergências de opiniões e de percepções. É importante compreender que o conflito ou os pontos de discordância são inevitáveis, mas não inerentemente bons ou ruins. O conflito não precisa ser evitado, mas apenas administrado.
De acordo com CHANG, alguns sinais que podem identificar conflitos são:

• Os membros da equipe fazem comentários e apresentam sugestões com alta carga emotiva;
• Os membros da equipe atacam as ideias dos outros membros antes mesmo que eles tenham acabado de expressá-las;
• Os membros da equipe se acusam mutuamente de não entenderem a questão;
• Os membros da equipe fazem escolhas e se recusam a ceder;
• Os membros da equipe se atacam sutilmente em nível pessoal.

Exercer a liderança é administrar construtivamente os conflitos, concentrando-se nos aspectos factuais do conflito e não deixando que os aspectos emocionais se tornem destrutivos.

4- Motivação: a motivação está relacionada com o nível de interesse e entusiasmo do grupo, e de quanta energia é canalizada para o grupo e para as soluções dos problemas. Motivação é algo intrínseco e individual, inerente a cada pessoa. Ninguém pode motivar ninguém. No entanto, podemos agir sobre os fatores externos que potencializam a motivação ou o desânimo para a ação. O líder deve identificar o que estimula cada pessoa, o que cada um considera desafiante. É importante identificar os valores preponderantes no grupo para se definir ações ou aspectos ambientais que promovam a motivação. Por exemplo, se o grupo valoriza a possibilidade de promoção pela definição de solução para o problema, é importante salientar e criar condições para que o projeto ajude a conseguir promoções. Se o valor preponderante no grupo for uma valorização pelo aumento de responsabilidades é importante premiar e comunicar amplamente os resultados alcançados com o trabalho do grupo.


Gisela Garcia Moura
Ateq Engenharia Ltda

Referência:
CHANG. Richard Y. O sucesso através das equipes. São Paulo: Editora Futura. 2000.
RADOS,Gregório Varvakis; DIAS, Paulo Manoel; NAURI, Miguel; NERES, Wudson Anthony.Gerenciamento por processos. Apostila da Disciplina Gerenciamento de Processos. UFSC